A variação do clima é um fenômeno que sempre fez parte da dinâmica do planeta, apresentando períodos de mudanças intensas como a grande glaciação do período Oligoceno da Era Cenozóica, há 33,5 milhões de anos. Mas a rapidez da alteração climática que vem ocorrendo na Terra motivou cientistas de diversas áreas a olhar para o fenômeno com desconfiança. Inúmeros estudos levaram a comunidade científica a confirmar que o aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera a partir da Revolução Industrial está associado às emissões decorrentes do crescimento econômico e demográfico da humanidade. Essa intensificação abrupta do efeito estufa vem gerando um aquecimento do planeta em níveis que ultrapassam a variabilidade natural do clima e que apontam para uma mudança irreversível do sistema climático.
A pesquisa científica tem sido uma ferramenta fundamental para apoiar decisões e iniciativas da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e para a formulação de políticas em países de todo o mundo. A importância do apoio da ciência motivou a CQMC a criar juntamente com a Organização Meteorológica Mundial (OMC) o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), instituição que reúne especialistas do mundo inteiro para a realização de estudos sobre causas, efeitos e projeções relacionadas às alterações climáticas.
O IPCC se tornou a principal referência em pesquisa científica sobre temas ligados ao aquecimento global e periodicamente publica relatórios de avaliação que funcionam como compilações das descobertas dos cientistas. Até hoje, foram lançados quatro relatórios, sendo o mais recente no final de 2007. No quarto relatório, o IPCC concentrou seus estudos nas projeções de cenários de mudança do clima de acordo com o nível de aumento da temperatura do planeta.
No Brasil, os estudos mais abrangentes têm sido realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e outros de caráter mais específico vêm sendo conduzidos por instituições diversas, como a Conservation International Brasil, a COPPE/UFRJ, a Embrapa, o Instituto de Pesquisas da Amazônia, o Greenpeace Brasil, o Instituto Socioambiental, a TNC, a Unicamp e o WWF. Recentemente, os ministérios da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente anunciaram a criação do Painel Brasil sobre Mudanças Climáticas, que terá como objetivo agregar e ampliar as pesquisas brasileiras na área, a exemplo do que faz o IPCC. A iniciativa produzirá até 2012 um relatório com a atualização completa das bases técnicas e científicas sobre a situação do Brasil frente às mudanças climáticas e seu impacto sobre o desenvolvimento do País.
CAUSAS DO AQUECIMENTO GLOBAL
De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) provenientes de atividades humanas cresceram 70% entre 1970 e 2004. Do total de emissões antropogênicas, 77% correspondiam ao dióxido de carbono, que no mesmo período teve um aumento de 21 para 38 gigatoneladas (Gt). O aumento de emissões de carbono equivalente foi bem maior no período de 1995 a 2004, do que de 1970 a 1994. Os setores que mais contribuíram para o aumento de emissões foram energia, transporte e a indústria e em um ritmo menor os edifícios comerciais e residenciais e os setores florestal e da agricultura.
No caso do Brasil, a principal fonte de emissão de gases do efeito estufa vem da queimada e derrubada de florestas . De acordo com o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Brasil 2008, produzido pelo IBGE, a destruição da vegetação natural, em especial na Amazônia e no Cerrado, resultam em 75% das emissões de gases do efeito estufa no país, que fazem do Brasil o quarto maior poluidor do mundo, com cerca de 1,3 Gt/ano. As duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, que fazem uso intensivo de combustíveis fósseis, emitem juntas apenas 3% desse total, aproximadamente.
De acordo com o IPCC, há forte evidência de que grande parte do aquecimento global é decorrente do aumento da concentração de GEEs, principalmente o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e os halocarbonetos, que são gases que contêm carbono ligado a flúor, cloro ou bromo.
IMPACTOS DO AQUECIMENTO GLOBAL
Água
- Impactos sobre a água serão fundamentais para todos os setores e regiões.
- Perdas em massa de glaciares e redução na cobertura de neve devem se acelerar ao longo do século 21, diminuindo a disponibilidade de água, o potencial hidrelétrico e mudando a sazonalidade de cursos de água em regiões abastecidas por derretimento de água de regiões montanhosas, onde mais de um sexto da população humana vive.
- Mudanças em precipitação e na temperatura devem levar a mudanças em drenagem e na disponibilidade de água. A drenagem deve aumentar entre 10 e 40% até a metade do século em altas latitudes e em algumas áreas tropicais úmidas, incluindo regiões populosas do Leste e Sudeste Asiático, e diminuir entre 10 e 30% em regiões secas de médias latitudes e trópicos secos, devido à diminuição das chuvas e a taxas mais elevadas de evapotranspiração. Áreas semi-áridas deverão sofrer diminuição das fontes de água devido à mudança do clima. Áreas afetadas por secas devem crescer em extensão, com potencial para impactos negativos em diversos setores, como a agricultura, o abastecimento de água, a produção de energia e a saúde.
- Pesquisas indicam um aumento futuro significativo de chuvas fortes em diversas regiões, incluindo algumas nas quais a média de chuvas é projetada para diminuir. É provável que 20% da população mundial estará vivendo em áreas de alto risco de enchentes até 2080. Aumentos na freqüência e severidade das enchentes e secas devem afetar negativamente o desenvolvimento sustentável. Aumento nas temperaturas afetará mais ainda as propriedades físicas, químicas e biológicas da água de rios e lagos, com impactos predominantemente negativos sobre espécies de água doce, composição de comunidades e qualidade da água. Em áreas costeiras, o aumento do nível de mares irá piorar as restrições a fontes de água, devido ao aumento de salinização dos reservatórios subterrâneos de água.
Alimentação
- A produtividade das plantações deve crescer um pouco em latitudes médias e altas para aumento na temperatura que variem de 1 a 3º.C, dependendo da plantação. Acima dessa faixa, a produtividade deve diminuir em algumas regiões.
- Em baixas latitudes, especialmente em regiões tropicais ou que passam por secas sazonais, a produtividade das plantações deve cair mesmo no caso de pequenos aumentos na temperatura (entre 1 e 2ºC), o que aumentaria o risco de fome.
- Globalmente, o potencial para a produção de alimentos deve crescer para um determinado aumento de temperaturas médias.
Áreas Costeiras
- Devem ficar expostas a riscos crescentes, incluindo erosão costeira, devido à mudança do clima e ao aumento do nível do mar; esse efeito pode ser exacerbado por pressão da ação humana no litoral.
- Por volta da década de 2080, milhões de pessoas devem sofrer efeitos de enchentes todo ano, devido ao aumento do nível do mar. O número de atingidos será maior nas regiões populosas e de deltas baixos da Ásia e da África, sendo que pequenas ilhas serão especialmente vulneráveis.
Ecossistemas
- A resistência de ecossistemas será afetada pela combinação entre efeitos da mudança do clima - como enchentes, secas, incêndios e acidificação de oceanos - e a mudança de outros fatores como mudança de uso da terra, poluição, fragmentação e superexploração de recursos.
- No decorrer deste século, a absorção de carbono por ecossistemas terrestres deve chegar ao limite, se enfraquecendo ou até revertendo a ação, o que contribuirá para a amplificação da mudança do clima.
- Entre 20 e 30% das espécies analisadas deverão estar sob maior risco de extinção se o aumento de temperatura for superior à faixa de 1,5 a 2,5ºC.
- Para aumentos na média de temperatura global que excedam a faixa de 1,5 a 2,5ºC, devem ocorrer mudanças significativas na estrutura e função de ecossistemas, na interação ecológica entre as espécies e mudanças nos domínios geográficos das espécies, com conseqüências predominantemente negativas para a biodiversidade e para os recursos e serviços naturais, como a disponibilidade de água e comida, por exemplo.
Indústria, assentamentos e sociedade
- As regiões mais vulneráveis são as das áreas costeiras e de planícies alagadas de rios, e cujas economias sejam ligadas a recursos mais sensíveis ao clima e que estejam em áreas suscetíveis a eventos climáticos extremos, especialmente se houver urbanização intensa em andamento.
Saúde
- O status de saúde de milhões de pessoas deve ser afetado através de fatores como aumento da má nutrição, aumento de doenças e mortes por eventos climáticos extremos, aumento de surtos de diarréias, aumento da freqüência de doenças cárdio-respiratórias devido à maior concentração de ozônio ao nível da superfície em áreas urbanas, e mudança da distribuição espacial de algumas doenças contagiosas.
- A mudança do clima deve trazer benefícios para algumas áreas temperadas, como menos mortes pelo frio, e efeitos mistos como mudança da abrangência e do potencial de transmissão da malária na África. Mas esses benefícios devem ser suplantados por efeitos negativos do aumento da temperatura sobre à saúde, especialmente em países em desenvolvimento.
- Serão criticamente importantes os fatores que moldam diretamente a saúde da população como educação, assistência médica, iniciativas de saúde pública, infra-estrutura e desenvolvimento econômico.
Fonte: http://www.oc.org.br/
eu nunca ki soube u q era isso. brigadu por explica
ResponderExcluirRealmente muito bom esta materia postado aqui neste seu blog professora Ritta, estes assuntos e outros precisam ser mais divulgados por ai,as pessoas não entendem o porquê de tantas diferenças climáticas em nosso planeta, apenas falam sem dar importancia e a saber fazer uso das coisas que não torne o planeta terra em um verdadeiro catastrófe.
ResponderExcluirSe o homem parasse e pudesse ver o futuro do nosso planeta quem sabe diminuiriam a fabricação de automoveis ou pelo menos fizessem menos uso destes.
professora, esse assunto tá muito bom a explicação. bom pra gt entender o q passa no mundo e a gt não faz nada muitas vezes porque não sabe o q ta acontecendo.
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